Laserterapia – o milagroso? Como a luz pode transformar o tratamento fisioterapêutico

A palavra "milagroso" costuma levantar suspeitas quando falamos de ciência. No entanto, em alguns casos, os resultados clínicos são tão expressivos que o termo ganha força entre pacientes e profissionais. A laserterapia é um desses recursos. Embora não seja um milagre no sentido literal, seu impacto terapêutico é tão relevante que tem conquistado espaço crescente na fisioterapia, sendo utilizada no manejo da dor, na regeneração tecidual e na modulação inflamatória.

O que é a laserterapia?

A laserterapia, ou terapia por luz de baixa intensidade (Low-Level Laser Therapy – LLLT), é uma técnica que utiliza a aplicação de feixes de luz direcionada e não térmica sobre tecidos lesionados ou inflamados com o objetivo de estimular processos biológicos naturais. Essa luz, geralmente nos comprimentos de onda vermelho ou infravermelho, penetra nos tecidos e interage com estruturas celulares, promovendo efeitos bioestimulantes.

Princípios fisiológicos da laserterapia

A eficácia da laserterapia está relacionada a um fenômeno chamado fotobiomodulação — ou seja, a modulação de processos celulares pela ação da luz. Quando aplicada corretamente, a luz do laser é absorvida por estruturas específicas da célula, como as mitocôndrias, estimulando a produção de ATP (energia celular), aumentando o metabolismo local e promovendo diversos efeitos terapêuticos:

1. Modulação da inflamação

A laserterapia ajuda a reduzir o processo inflamatório ao diminuir a liberação de substâncias inflamatórias e ao estimular células do sistema imune, acelerando a resolução da inflamação sem bloquear as etapas naturais da cicatrização.

2. Analgesia (redução da dor)

Ao interferir na condução dos sinais nervosos e na liberação de substâncias como endorfinas e serotonina, o laser atua como um analgésico natural, sem efeitos colaterais. Ele também reduz a sensibilidade das terminações nervosas periféricas.

3. Aceleração da regeneração tecidual

O aumento do metabolismo celular estimula a síntese de proteínas, colágeno e outros componentes essenciais à reparação dos tecidos, promovendo cicatrização mais rápida e de melhor qualidade.

4. Melhora da microcirculação

A laserterapia estimula a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e melhora a oxigenação dos tecidos, potencializando a recuperação muscular e a eliminação de resíduos metabólicos.

Aplicações clínicas na fisioterapia

A laserterapia tem se mostrado eficaz em diversas condições tratadas na prática fisioterapêutica:

  • Tendinites e bursites
  • Dores musculares e articulares
  • Lesões ligamentares e musculares
  • Fascite plantar
  • Neuropatias periféricas (como na síndrome do túnel do carpo)
  • Feridas crônicas e úlceras
  • Pós-operatórios ortopédicos

Além disso, vem sendo utilizada em contextos como a reabilitação pós-COVID, disfunções da ATM, e em associação com técnicas manuais e cinesioterapia.

Laserterapia: efeitos colaterais e contraindicações

Embora seja um recurso seguro e não invasivo, a laserterapia exige cautela. É contraindicada sobre áreas com tumores, glândulas endócrinas (como a tireoide), olhos (sem proteção adequada), gestantes (sob o abdome) e em pacientes com fotossensibilidade. A correta dosimetria (intensidade, tempo e frequência de aplicação) deve ser respeitada para garantir eficácia e segurança.

É um milagre? Não. É ciência aplicada com precisão.

A laserterapia não substitui o raciocínio clínico, nem elimina a necessidade de um plano de tratamento individualizado. No entanto, quando bem indicada, é um poderoso recurso coadjuvante que pode acelerar os resultados e aumentar o conforto do paciente. O "milagre", nesse caso, vem da união entre conhecimento científico, experiência clínica e tecnologia.